O fortalecimento do campo em tempos de neoliberalismo

Autor original: Fausto Rêgo

Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor

Os impactos causados pela atual ordem econômica mundial têm gerado cada vez mais críticas e discussões sob diversos aspectos. Aumenta a necessidade de se estudarem alternativas que possibilitem um melhor desenvolvimento dos setores prejudicados pelo sistema econômico neoliberal. Dessa vez, a discussão será em torno do setor agrário. O Fórum da Terra, que vai ser realizado em São Paulo, nos dias 12, 13 e 14 de novembro, promoverá o debate sobre experiências e políticas públicas para o desenvolvimento do mundo rural e da agricultura familiar.

Promovido pela Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desesenvolvimento Rural (Nead), o Fórum da Terra, que terá como tema central o “Fortalecimento do campo para o desenvolvimento rural”, vai possibilitar uma análise de tendências quanto a possibilidades e dificuldades do setor agrário frente às políticas públicas existentes e às experiências locais bem-sucedidas, apontando perspectivas e permitindo avaliação crítica dos fatores que dificultam o desenvolvimento com sustentabilidade. Serão analisadas ações que permitem ao homem do campo desde o acesso à terra até a viabilização de condições para o desenvolvimento sustentável das comunidades com as quais trabalha. Márcia Regina Andrade, diretora de Formação e Promoção Institucional do Itesp, diz que, atualmente, existem vários programas de incentivo à utilização de tecnologias e alternativas mais adequadas e viáveis para o pequeno agricultor. Mas, acrescenta, essas experiências ainda são isoladas.

O evento também vai possibilitar o mapeamento e a divulgação de estudos e pesquisas sobre o desenvolvimento rural no Brasil. Espera-se que a apresentação e o intercâmbio de informações atualizadas e abrangentes possam nortear e balizar as discussões, além de estimular a implementação e o aprimoramento de políticas públicas na área da agricultura familiar.

Maria Regina acredita que a falta de incentivos públicos é o principal obstáculo para o fortalecimento do agricultor familiar, pois os investimentos do governo são voltados principalmente para o grande agricultor. “O pequeno agricultor tem lutado muito pelos subsídios do governo, mas o fortalecimento da agricultura familiar não é prioridade do modelo neoliberal”, diz. O fórum pretende contribuir para mudar essa situação, destacando a importância do papel da agricultura familiar para a dinamização da economia e a necessidade de integração entre os mundos rural e urbano, partindo do princípio de que o desenvolvimento sustentável no campo não pode acontecer separadamente do desenvolvimento urbano – e vice-versa. “É fundamental que sejam estabelecidas parcerias entre o setor rural e os serviços públicos”, afirma Maria Regina.

Em mesas redondas, painéis e exposições, o fórum deste ano contará com a participação de formuladores e executores de políticas públicas da área agrária, líderes sindicais, representantes de movimentos sociais e de agências financiadoras, pesquisadores, instituições de ensino, entidades de classe, organizações não-governamentais e estudantes.

O Itesp pretende promover o Fórum da Terra todos os anos, abrindo um espaço para o debate entre todos os atores sociais envolvidos na questão agrária e dando visibilidade a experiências práticas no setor. Segundo Maria Regina, a quantidade e a qualidade dos trabalhos inscritos para apresentação já apontam para o grande sucesso da primeira edição desse evento. A fundação também espera que as informações que já estão sendo reunidas possam servir como subsídios para a elaboração de políticas políticas no setor rural e para o resgate da cidadania do homem do campo.

As inscrições para o Fórum da Terra podem ser feitas até o dia 12 de novembro, através dos e-mails ger-promocao@institutodeterras.sp.gov.br ou dir-formacao@institutodeterras.sp.gov.br. Mais informações no site: www.institutodeterras.sp.gov.br