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Com idéias e ação comunitária

Autor original: Mariana Hansen

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor






Com idéias e ação comunitária
Divulgação

Uma ação voluntária para atenuar a situação de abandono e violência em que se encontravam crianças e adolescentes do bairro do Engenho Novo, no Rio de Janeiro (RJ). É desta forma que a coordenadora do Armazém de Idéias e Ações Comunitárias (Aiacom), Cleidy Nicodemos, define o surgimento do projeto, que há mais de 12 anos se constitui em um espaço alternativo de educação complementar e que hoje chega a cerca de 400 jovens, com idades entre cinco e 17 anos.

No início do projeto, a equipe do Aiacom visitava as comunidades para divulgar as atividades e convidar as pessoas a participarem. Em poucos anos, o trabalho se sedimentou e o processo se inverteu. Cleidy explica que agora “a comunidade que vem buscar o Aiacom. Hoje, não conseguimos atender nem metade da demanda”. Ela conta ainda que há um número infindável de famílias esperando o ingresso dos seus filhos no projeto.

Desde 1992, a iniciativa foi abraçada pela Ordem de Santo Agostinho, representada pela Sociedade de Inteligência e Coração, o que garantiu recursos – salários, alimentação, encargos e manutenção – para o atendimento diário e efetivo da comunidade não só do Engenho Novo, mas também de Vila Isabel e adjacências.

O que o Aiacom oferece para essas famílias? O trabalho, explica Cleidy, “é estruturado em duas linhas de ação: a sócio-familiar e a sócio-educativa”. As iniciativas da primeira linha de ação incluem visitas domiciliares da equipe do projeto, grupos de apoio às famílias vitimadas, oficinas profissionalizantes (culinária, corte e costura), intervenções em casos de violência doméstica e encaminhamento à rede de serviços – escolas, hospitais, cartórios, conselhos tutelares, de direitos etc.

As ações sócio-educativas estão baseadas na prática de arte-educação e esportes, visando à formação integral das crianças e adolescentes. As atividades oferecidas incluem teatro, dança, música, canto, desenho, capoeira, esportes, informática, valores Epce (Estímulo ao potencial cognitivo e emocional), brinquedoteca e dinâmicas de grupo.

Para garantir condições que possibilitem a diminuição do processo de exclusão social, o projeto ainda oferece, além da alimentação, atividades de promoção em saúde, como atendimento odontológico, fonoaudiológico e médico. Há também acompanhamento psicológico, psico-pedagógico e social.

Baseado em princípios como uma educação libertadora, horizontal e participativa, o fortalecimento da cidadania e a priorização no desenvolvimento das potencialidades emocionais, cognitivas e sócias, o Aiacom busca a transformação das relações sociais. Visa ao desenvolvimento da consciência critica e do espírito solidário, envolvendo neste processo a família e comunidade.

De uma pequena ação voluntária à mudança da vida de centenas de crianças e adolescentes, Cleidy fala que a maior conquista do projeto é a relação de pertencimento. “Para os jovens, pertencer ao Aiacom se configura em um novo paradigma, e isso é muito positivo. Faz com que o jovem permaneça no projeto por muitos anos, mesmo sem receber nenhum tipo de bolsa-auxílio. Nós conseguimos trazer um público grande e temos garantido a permanência dos mesmos através da qualidade nas atividades que oferecemos”, revela.

Outra conquista apontada por Cleidy é a do trabalho com arte-educação. “Investimos no protagonismo infanto-juvenil e o resultado foi pra lá de positivo. O trabalho com arte reverberou em auto-estima, em conscientização e cidadania”. Ela também explica que devido à população atendida ser, em sua grande maioria, negra, potencializou-se “o trabalho com identidade, resgate e etnia. Na perspectiva de configurar um outro imaginário social em relação ao negro e às suas presença e conquistas no Brasil”.

Para o futuro do projeto, que já conta com a participação massiva da população, Cleidy espera que o Aiacom possa ampliar ainda mais suas ações, criando núcleos de arte-educação dentro das próprias comunidades.

Mariana Hansen

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