Autor original: Joana Moscatelli
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
![]() Foto: Centro de Convivência Menina Mulher | ![]() |
Em 1994, a Assembléia Legislativa do Estado do Paraná recebeu diversas denúncias de casos de exploração sexual infantil, o que originou a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Prostituição Infantil. Em meio a esse contexto e com base nos resultados dessa CPI, organizações criaram o Centro de Convivência Menina Mulher (CCMM). O objetivo era oferecer atividades educativas e profissionalizantes que promovessem a reintegração social e familiar de meninas de 7 a 18 anos em situação de risco e vulnerabilidade social. E é exatamente isso que vem sendo feito ao longo dos quase dez anos de atuação da ONG.
A grande preocupação do CCMM é promover atividades que fortaleçam a auto-estima e estimulem a participação cidadã dessas meninas, oferecendo oportunidades de lazer, estudo e profissionalização. A intenção é buscar melhorias nas suas condições de vida, reforçando o papel ativo de cada uma delas para mudar sua realidade. A instituição defende a visão segundo a qual o “ser humano é sujeito ativo, merecedor de direitos e deveres”.
Um dos projetos mais importantes do CCMM é o “Menina Mulher” que pretende integrar meninas e mulheres tanto na vida escolar e familiar como no mercado de trabalho. Atende 160 meninas em situação de risco social, moradoras de favelas da cidade de Curitiba. As participantes freqüentam a instituição nos períodos em que não estão na escola e desenvolvem as atividades pelas quais demonstram interesse. Atualmente, são oferecidos cursos de informática, corte e costura, dança, capoeira, teatro, desenho e pintura, tricô, artesanato e crochê. Além dos cursos, o CCMM dispõe de atendimento psicológico, reforço escolar e atividades lúdicas e esportivas.
O trabalho é desenvolvido basicamente através de parcerias com empresas, outras organizações sociais e órgãos públicos. Segundo a assistente social que atua no CCMM, Kátia Novak, os projetos são realizados através de convênios firmados com órgãos públicos e empresas, e são desenvolvidos em parceria com a comunidade local, por meio das associações de moradores, unidades de saúde, conselhos tutelares, escolas e pelos próprios familiares, através da criação de redes para atender o indivíduo em sua totalidade.
Além disso, o trabalho voluntário tem um papel fundamental na execução de atividades importantes como reforço escolar e acompanhamento terapêutico. Psicólogos voluntários atendem meninas e mulheres, seja através de grupos terapêuticos ou em sessões individuais. Já professores e estudantes cooperam em diversas outras atividades.
Segundo Novak, um dos principais desafios na atuação do CCMM é manter as meninas nas atividades promovidas já que, em muitos casos, os pais continuam colocando suas filhas para ajudá-los no trabalho. “Nossa grande dificuldade é convencer as famílias a deixarem suas filhas no Centro uma vez que R$ 2 conquistados pelas crianças em um dia de trabalho faz falta para eles.”
Além das meninas e adolescentes, a instituição procura atender prostitutas, mulheres com HIV ou aids, vítimas de violência ou usuárias de drogas. Para a entidade, é impossível trabalhar somente com as meninas sem atentar para os problemas que existem nas famílias e na realidade local. Por isso, além de trabalhar com a prevenção às DST/aids, o Centro busca desenvolver projetos que resgatem a auto-estima de mulheres e adolescentes com HIV.
O projeto “Estendendo a mão” busca melhorar a qualidade de vida de mulheres com HIV desde 2002. Oferece cursos semi-profissionalizantes e atividades lúdicas e de apoio psicológico às mulheres portadoras do vírus HIV na cidade de Curitiba e em sua região metropolitana. Ao longo de seus dois anos de existência, o projeto já atendeu 40 mulheres e seus familiares, e atualmente todas elas fazem o tratamento anti-retroviral.
Já nas cidades de Almirante Tamandaré e Curitiba, o projeto “Vida com Plenitude” realiza, desde julho de 2004, campanhas e palestras de prevenção a DST e aids. Além disso, incentiva a geração de renda e emprego, oferecendo cursos profissionalizantes e acompanhamento psicológico.
O CCMM realiza ainda diversas parcerias com empresas, o que permite o encaminhamento e a inserção de jovens e mulheres no mercado de trabalho através de estágios e empregos. No ano passado, uma parceria com a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) promoveu o projeto “Atelier Menina Mulher” que criou a marca de pijamas femininos Menina Mulher. O objetivo era estimular a inclusão social através da empregabilidade e geração de renda.
Reafirmando sua intenção de reintegrar meninas e adolescentes à família e à sociedade, o CCMM realiza há cinco anos a Semana da Criança e do Adolescente. Desde maio, a entidade realiza oficinas de capacitação no intuito de formar jovens protagonistas capazes de difundir informações apreendidas durante o curso, bem como transformar a realidade social onde vivem. Temas como sexualidade, gravidez na adolescência, prevenção às DST/aids e ao uso de drogas, violência e emprededorismo fazem parte do programa do curso. Após o término da oficina, essas jovens estarão aptas a protagonizarem o I Encontro de Protagonismo Jovem que acontecerá de 4 a 6 de outubro em escolas da rede pública de Curitiba.
Ainda em outubro, será realizado o V Torneio de Vôlei, com a participação de equipes de outras instituições, escolas e associações de Curitiba. E no dia 4 de novembro, acontece o II Baile de Debutantes e a Comemoração dos dez anos do CCMM. Participarão 20 meninas em situação de vulnerabilidade social, cadetes da Polícia Militar, a banda Toque de Imaginação e o ator Alexandre Slaviero. O evento acontece no Círculo Militar do Paraná.
Apesar de estar prestes a completar uma década, a ONG ainda não possui uma instalação adequada e permanente para a realização de suas atividades. Até hoje, a entidade enfrenta dificuldades financeiras para obter uma sede própria.
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