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Carta ao Ministério da Cultura e aos músicos do Brasil

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2005

Música como ferramenta de transformação social e humana

A constituição da Câmara Setorial da Música no âmbito do Ministério da Cultura representa a primeira iniciativa, em muitos anos, de se tratar seriamente a questão da música produzida no Brasil. Portanto ela precisa ser olhada com carinho pelo lado de seus reais criadores, os músicos, mas também de seus verdadeiros fruidores, a sociedade civil.

Se por um lado, a música que se faz no país é economia e desenvolvimento, ela é também expressão artística, produção simbólica e cidadania, e portanto somente um olhar que priorize a lógica industrial-empresarial do mercado e que tem como meta e métrica o lucro e a escala, não pode dar conta de uma grande parte de suas questões, como identidade e diversidade cultural, autosustentabilidade, desenvolvimento local, inclusão cidadã e solidariedade. Não se pode tentar vestir toda a atividade artística musical com o número único da indústria cultural.

As organizações não-governamentais sem fins lucrativos que utilizam a música como ferramenta de transformação social e humana, reunidas no Fórum Social da Música, terão um papel importante a desempenhar nesse momento, pois como afirma Écio de Salles do Grupo Cultural AfroReggae “a cultura popular ao lado dos movimentos sociais pode se converter em processo de resistência aos modos opressivos de gestão da cidade”.

As entidades não governamentais sem fins lucrativos que trabalham com a música, por conta de sua estrutura capilar, têm um papel democratizante que não pode ser esquecido, pois torna-se difícil imaginar a transformação da sociedade por meio da cultura, se a cultura não chega ao conjunto da população.

O Fórum Social da Música, no interior da Câmara Setorial, efetuará uma parceria-irmã com os músicos, suas representações e entidades musicais, e ajudará a agregar ao centro da discussão a própria sociedade civil, fortalecendo consensos progressivos indispensáveis ao bom termo de suas deliberações.

Um espaço de discussão para a Música no Brasil que reflita nossa realidade precisa ser não corporativo, mas inclusivo; que pense no público mais que um consumidor, como um cidadão-beneficiário; que se preocupe com a cadeia produtiva, mas também com o sistema de troca culturais – orgânico – que permeia toda a nossa vida;

Música como Patrimônio vivo e pulsante da nossa Diversidade e Identidade Cultural.

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