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Traição e burrice

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original: Artigos de opinião

Jean Marc von der Weid*






Traição e burrice


A votação da Lei de Biossegurança chega ao seu desenlace de forma revoltante para todos os movimentos ambientalistas e sociais e para muitos cientistas preocupados com critérios sérios de preocupação com os riscos desta tecnologia.

O governo Lula traiu seu programa eleitoral onde uma visão prudente sobre a transgenia aparece em três diferentes momentos: nos cadernos "Meio Ambiente e Qualidade de Vida", "Vida Digna no Campo" e no "Fome Zero".

O governo Lula (leia-se o próprio presidente, os ministros José Dirceu, Aldo Rebelo e Gushiken) traiu os próprios ministros mais interessados na questão: Marina Silva, Humberto Costa e Miguel Rosseto, dando apoio aos ministros pró-transgênicos: Eduardo Campos, Furlan e Roberto Rodrigues.

No afã de agradar as multinacionais da transgenia e os grandes produtores iludidos com a promessa desta tecnologia, o governo Lula agiu de forma irresponsável e foi muito além das piores iniciativas do governo FHC. As conseqüências para o meio ambiente e para a saúde podem levar algum tempo para aparecerem de forma mais contundente, mas quando o fizerem (e as informações de outras partes do mundo o indicam) serão dificilmente controláveis e reversíveis.

Mais grave no curto prazo são as conseqüências para os agricultores que não querem plantar transgênicos e que sofrem da contaminação provocada pelos cultivos geneticamente modificados. O governo vai garantir os direitos destes agricultores? E os direitos dos consumidores que até hoje não viram ser aplicada a legislação sobre rotulagem?

A “burrice” da posição pró-transgênicos que o próprio candidato Lula identificou se confirma atualmente pela rápida perda das vantagens artificiais do plantio de soja transgênica e da crescente restrição do mercado internacional ao produto contaminado.

A traição do governo Lula se manifesta ainda no campo estratégico, com a entrega da soberania alimentar brasileira às multinacionais de transgenia, pois o monopólio desta tecnologia e das patentes sobre as sementes dela derivadas nos deixa na mão dos interesses econômicos da Monsanto e outras que tais.

A luta contra o descalabro desta política vai continuar em todos os campos: jurídico, político e, sobretudo no econômico, através da denúncia de riscos para os consumidores e para os agricultores. Não vamos permitir que a Monsanto, os ruralistas e o governo Lula levem a agricultura do país para o desastre.

*Jean Marc von der Weid é economista, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf/MDA) e coordenador do Programa de Políticas Públicas da AS-PTA, organização que articula a campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos.


O texto acima foi veiculado no boletim da campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos, sugerindo que as pessoas o enviassem por correio eletrônico a membros do governo. A campanha informa que as seguintes instituições e pessoas aderiram ao texto e considera importante citá-los:

Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA)
Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA) Terra de Direitos
Instituto Socioambiental (ISA) Fundação CEBRAC
Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria
ActionAid Brasil
Centro Ecológico Ipê
Rede de ONGs da Mata Atlântica
Associação de Preservação do Meio Ambiente do Vale do Itajaí (Apremavi)
Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais
Horacio Martins de Carvalho
Profa. Marijane Lisboa






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